8 de abril de 2011

Internet transformou consumidores passivos em criadores coletivos

Com o advento da internet, tivemos muitos ganhos e perdas. Os usuários começaram a gastar mais tempo em frente ao computado que em atividades ao ar livre. No entanto, ganhamos em conhecimento e acessibilidade. O compartilhamento faz com que engenheiros da Australia resolvam seus problemas profissionais com a ajuda de engenheiros noruegueses. Ou ainda, alunos do ensino fundamental americano tenham aulas com professoras de reforço indianas. O mais interessante é que esta "consultoria" acontece pela internet - de forma instantânea. O mundo se torna cada vez mais plano e todos podem viver em uma aldeia global.

Como você pode utilizar isto em sua sala de aula? Segue uma dica abaixo para ajudar na sua resposta.


Explica como usamos nossos talentos para criarmos juntos coisas novas06/04/2011 - 16h00
da Livraria da Folha

Nas últimas duas décadas, com o crescimento do número de usuários e o aumento da velocidade da internet, o mundo presenciou uma transformação na forma como as pessoas buscam a informação e as compartilham.

Escrito por Clay Shirky, professor do programa de telecomunicações interativas da Universidade de Nova York, "A Cultura da Participação" mostra como a criatividade do mundo conectado provocou uma verdadeira mudança nos costumes.

O especialista explica que --mesmo usando uma pequena fração de tempo de cada indivíduo-- é possível produzir um trabalho compartilhado como a enciclopédia Wikipédia, a plataforma de programação de código aberto Apache ou o site Ushahidi.com. Publicado no Brasil pela editora Zahar, o título foi traduzido por Celina Portocarrero. Leia, abaixo, um trecho do exemplar.

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A sociedade, a princípio, nunca sabe bem o que fazer com qualquer excedente. (É o que faz disso um excedente.) Quando tivemos um excedente realmente em larga escala de tempo livre - bilhões e depois trilhões de horas por ano -, nós gastamos a maior parte dele consumindo televisão, porque julgamos esse modo de utilizar o tempo melhor do que as alternativas disponíveis. Sem dúvida, poderíamos ter feito atividades ao ar livre, ou lido livros, ou feito música com os amigos, mas na maioria das vezes não o fizemos, porque os preparativos para essas atividades eram enormes, comparados a apenas sentar e assistir. A vida no mundo desenvolvido inclui uma quantidade enorme de participação passiva: no trabalho, somos malandros e, em casa, somos bichos-preguiça. O padrão é bastante simples de explicar quando se assume que quisemos ser participantes passivos mais do que quisemos outras coisas. Essa história é há muitas décadas bastante plausível; inúmeras provas sem dúvida corroboram esse ponto de vista, e não há muitas que o contradigam.

Mas agora, pela primeira vez na história da televisão, alguns grupos de jovens estão vendo menos TV do que os mais velhos. Diversos estudos populacionais - entre alunos de ensino médio, usuários de banda larga, usuários do YouTube - registraram a mudança, e sua observação básica é sempre a mesma: populações jovens com acesso à mídia rápida e interativa afastam-se da mídia que pressupõe puro consumo. Mesmo quando assistem a vídeos on-line, aparentemente uma mera variação da TV, eles têm oportunidades de comentar o material, compartilhá-lo com os amigos, rotulá-lo, avaliá-lo ou classificá-lo e, é claro, discuti-lo com outros espectadores por todo o mundo. Como observou Dan Hill num famoso ensaio on-line, "Why Lost Is Genuinely New Media", os espectadores de Lost não eram apenas espectadores - eles criaram, em conjunto, um compêndio de materiais relativos à série chamado (e como seria?) Lostpedia. Em outras palavras, mesmo quando ocupados em ver TV, muitos membros da população internauta estão ocupados uns com os outros, e esse entrosamento se correlaciona com comportamentos que não são os do consumo passivo.

As escolhas que levam à redução do consumo de televisão são ao mesmo tempo ínfimas e enormes. As escolhas ínfimas são individuais; alguém simplesmente decide passar a hora seguinte falando com os amigos, jogando ou criando algo em vez de apenas assistir. As escolhas enormes são coletivas, um somatório daquelas escolhas ínfimas feitas por milhões de pessoas; o deslocamento cumulativo de toda uma população em direção à participação permite a criação de uma Wikipédia. A indústria televisiva está se surpreendendo ao ver usos alternativos do tempo livre, sobretudo entre os jovens, porque a noção de que ver TV era o melhor emprego do tempo livre, ratificada pelos telespectadores, foi uma característica estável da sociedade por muito tempo. (Charlie Leadbeater, especialista britânico em trabalho colaborativo, conta que um executivo de televisão lhe disse, há pouco tempo, que o comportamento participativo dos jovens vai desaparecer quando eles amadurecerem, porque o trabalho os esgotará tanto que eles não serão capazes de fazer outra coisa com o tempo livre além de "desabar na frente da televisão".) Acreditar que a antiga estabilidade desse comportamento signifi cava que ele seria um comportamento estável no futuro também demonstrou ser um erro - e não apenas um erro qualquer, mas de um tipo especial.

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"A Cultura da Participação"
Autor: Clay Shirky
Editora: Zahar
Páginas: 212
Quanto: R$ 34,30

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